Projetos

Quintal de Cultura

Em 2009, a Associação Filmes de Quintal é contemplada em edital nacional como Ponto de Cultura, dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos desde 2004 com a extensão do forumdoc no Taquaril, Aglomerado da Serra e Lagoa Santa, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Nossas ações tem como objetivo o fomento à reflexão crítica sobre o fazer audiovisual em suas diferentes perspectivas políticas de produção, a proposição de uma relação crítica com a tecnologia, a problematização das perspectivas estigmatizadas sobre as comunidades urbanas situadas em áreas de alta vulnerabilidade social. As atividades do Quintal de Cultura têm como eixo a elaboração e produção de mostras participativas de cinema e vídeo, a realização audiovisual e a elaboração e manutenção de projetos culturais. 

O trabalho é desenvolvido de maneira colaborativa com as comunidades parceiras do Ponto de Cultura e visa a consolidação da autonomia dos grupos na realização de suas próprias ações na área do audiovisual, assim como o incentivo a articulações entre as comunidades, para que elas constituam uma rede alternativa de exibição e produção em audiovisual.

O Quintal de Cultura conta com a parceria da Irmandade dos Atores da Pândega (Lagoa Santa), Centro de Referência Hip Hop Brasil (Taquaril), Escola Municipal Alcida Torres (Taquaril), Criarte (Serra) e Associação Cultural e Educativa Serra (Serra); o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, do Governo de Minas Gerais, do Programa Cultura Viva, da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, do Ministério da Cultura e do Governo Federal. Confira nossas atividades em Oficinas.


“Mapeando o Axé: Pesquisa Sóciocultural e Econômica das Comunidades Tradicionais de Terreiro”

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e a Fundação Cultural Palmares (FCP), realizaram o Mapeamento das Comunidades Tradicionais de Terreiro nas capitais e regiões metropolitanas dos estados de Minas Gerais, Pará, Pernambuco, e Rio Grande do Sul. O projeto foi executado pela Associação Filmes de Quintal, instituição habilitada por meio de edital público. Sua realização é resultado de um longo processo de mobilização e de luta dos povos de terreiro por reconhecimento e respeito às suas tradições e ancestralidade, e plena efetividade dos seus direitos territoriais, sociais, culturais e econômicos.

O objetivo do mapeamento é conhecer a realidade dos terreiros das quatro capitais e regiões metropolitanas pesquisadas: quem são, onde estão localizados, suas principais atividades comunitárias, situação fundiária, infra-estrutura, entre outros aspectos sócio-culturais e demográficos. Buscou-se, dessa forma, construir um rico banco de dados que norteará as políticas públicas junto às comunidades de terreiro, com ênfase na promoção da segurança alimentar e nutricional. O número total de casas pesquisadas, no período de maio a agosto de 2010, foi de 4.045, sendo 1089 na Região Metropolitana de Belém, 353 na Região Metropolitana de Belo Horizonte; 1342 na Região Metropolitana de Porto Alegre e 1261 na Região Metropolitana de Recife.

A pesquisa enfatizou a dimensão comunitária e o caráter étnico, considerando a organização social e o trabalho tradicionalmente desenvolvido pelos povos de terreiro. Os terreiros desempenham um papel extremamente importante na promoção da segurança alimentar e nutricional das comunidades em que vivem e atuam. Nesses espaços, marcados pela solidariedade social, é prática comum a distribuição de alimentos, a valorização dos alimentos saudáveis, diversificados e culturalmente adequados.

Os povos de terreiro também se destacam pela diversidade compondo um cenário extremamente plural: candomblé, umbanda, batuque, nação, tambor de mina, xambá, omolocô, pajelança, jurema, quimbanda, xangô, dentre outras variantes. Importante ressaltar que a nomenclatura para a catalogação das comunidades de terreiro respeitou a auto-definição informada pelo responsável pela casa, com exceção das grafias referentes aos “Regentes” para os quais adotou-se um padrão de escrita para possibilitar comparações dos dados. Destaca-se também que somente foram publicizadas as informações referentes aos terreiros cujos responsáveis autorizaram por escrito.

O mapeamento construído com o protagonismo e a participação dos representantes de terreiro é parte integrante da estratégia do Governo Federal para a efetivação das políticas afirmativas, de respeito e fortalecimento da diversidade étnico-racial e de promoção da soberania alimentar no Brasil.